Monday, November 14, 2005

BASE NO PARAGUAI

BASE NO PARAGUAI
Estados Unidos ressuscitam fantasma intervencionista
Os governos do Brasil e da Bolívia já manifestaram preocupação com a presença de tropas dos Estados Unidos na região, apesar da versão sempre repetida por paraguaios e norte-americanos de que tudo não passa de ajuda humanitária. Embaixada dos EUA em Assunção tem efetivo militar de 400 pessoas.
Luiz Augusto Gollo - Carta Maior 08/11/2005

Brasília - Militares paraguaios e norte-americano promovem esta semana a sétima operação humanitária no país vizinho, desta vez no estado (departamento) de La Cordillera, 80 Km a leste da capital Assunção. Os trabalhos começaram segunda (7) e prosseguirão até quinta-feira, levando à população assistência médica de 20 militares dos Estados Unidos. Até o fim do ano estão previstas mais 13 operações deste tipo, aprovadas em maio pelo Congresso paraguaio em meio a duras críticas internas e externas. Os governos do Brasil e da Bolívia já manifestaram preocupação com a presença de tropas dos Estados Unidos na região, apesar da versão sempre repetida por paraguaios e norte-americanos de que tudo não passa de ajuda humanitária.

A cooperação militar dos Estados Unidos no Paraguai durará pelo menos até 31 de dezembro do ano que vem, segundo o acordo firmado, e desconfia-se que tenha objetivos militares estratégicos na região, a começar pela chamada “tríplice fronteira” entre Brasil, Paraguai e Argentina, onde é predominante a presença muçulmana nas cidades de Foz do Iguaçu, Ciudad del Este e Puerto Iguazu, com ligações com grupos revolucionários como o Hezbollah, Hamas e outros. Mas a preocupação do governo norte-americano com a região tem décadas: pelo menos desde os anos setenta, sua embaixada em Assunção abriga um efetivo militar de 400 pessoas, o maior da América Latina.

Outro foco do crescente interesse norte-americano nesta parte do território sul-americano é o Aqüífero Guarani, principal reserva de água potável da América Latina e muito possivelmente do mundo todo, que se espalha pelo subsolo dos três países já mencionados, mais o Uruguai. A maior parte desta reserva, ou 71%, está localizada em 1,2 milhão de Km2 do território brasileiro, 19% estão na Argentina, 6% no Paraguai e 4% no Uruguai. A importância estratégica deste manancial é vital para a humanidade, atestam relatórios das Nações Unidas sobre a água doce no século 21.

A recente passagem do presidente George Bush pela América do Sul, para a Cúpula de Mar del Plata e para o churrasco em Brasília, voltou a chamar a atenção para o intercâmbio militar de seu governo com o exército paraguaio, e em especial para as preocupações bolivianas, porque a principal pista de pouso e decolagem dos aviões norte-americanos está localizada em Marechal Estigarribia, no Chaco paraguaio, distante pouco mais de 250 Km do seu território. A pista tem 3.800 metros de extensão, capacidade para a operação dos aviões B-52 e Galaxy, suporta o desembarque de material bélico pesado e é o centro da base militar com instalações suficientes para 16 mil homens. As preocupações bolivianas são compartilhadas com os vizinhos, em maior ou menor grau, conforme suas ligações com os Estados Unidos, mas são sensíveis em todos os governos do subcontinente, mesmo o paraguaio, que não aprova integralmente o acordo militar.

Presença marcante
A presença norte-americana em vários países sul-americanos se traduz oficialmente em mais de 1.500 militares espalhados pelas embaixadas, outras representações diplomáticas e 20 guarnições entre bases aéreas e de radar espalhadas do Caribe colombiano ao Chaco paraguaio. Os EUA instalaram na embaixada em Assunção a mais poderosa estação de rastreamento de sinais de rádio e espionagem eletrônica na América do Sul, segundo informações do pesquisador Anibal Miranda, autor do livro “Dossier Paraguay: Los Dueños de Grandes Fortunas”. Montada pela CIA ainda na ditadura Stroessner, deposto em 1989, a estação serve atualmente para coleta e troca de informações sobre o narcotráfico.

Três bases militares dos Estados Unidos formam o tripé montado a partir de 1999, quando foi desativada a base no Panamá, para combater o tráfico de cocaína da América do Sul para o território norte-americano: Manta, no Equador, distante 320 quilômetros da Colômbia, Rainha Beatrix, em Aruba, e Hato, em Curaçao. Juntas, podem realizar duas mil missões anuais de rastreio e interceptação de aviões, empregando aviões-espiões, aviões de transporte, caças F-16 e aviões-radar Awacs. Toda esta estrutura é destinada, na essência e na forma, a combater o narcotráfico, mas nada impede que se volte contra outros alvos, caso os Estados Unidos sofram novos ataques como os de 11 de setembro de 2001.

Contribuem para a ascendência dos EUA em toda a América Latina e em especial nas áreas de expressiva presença árabe muçulmana a fragilidade institucional e a precariedade material locais, quase sempre apontadas como os grandes propulsores da corrupção nos setores responsáveis pela expedição de documentos, vistos, licenças e demais exigências burocráticas.

No Paraguai, onde vistos para coreanos são conseguidos à razão de 800 dólares e para árabes por 900 dólares, uma mulher foi presa no Chaco com 13 passaportes falsos; a consulesa interina em Salta, na Argentina, concedeu mais de 500 vistos irregulares ao preço unitário de 900 dólares; e o consulado em Miami emitiu vistos para mais de 20 libaneses que jamais pisaram o solo norte-americano (três figuravam na lista de possíveis terroristas internacionais do FBI).

Os governos de Brasil, Argentina e Paraguai firmaram o “Protocolo Especial de Assistência Jurídica Mútua em Assuntos Penais para a Tríplice Fronteira”, visando a dar maior agilidade e transparência às ações oficiais na área, inclusive com a colaboração da Interpol e do governo norte-americano, em cujo território se movimenta boa parte do dinheiro sujo obtido através de corrupção, contrabando de armas e tráfico de drogas. Mas iniciativas desse calibre não são suficientes para tranqüilizar o governo dos Estados Unidos e menos ainda para sufocar sua vocação intervencionista ao redor do planeta.

Sunday, November 06, 2005

http://www.noticiaslusofonas.com/

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Manchete
Português quer ser língua oficial na ONU
- 1-Nov-2005 - 15:23

Em todo o mundo são mais de 250 milhões os cidadãos que se entendem falando
o mesmo idioma. Petição está já na rede global de comunicação

Num computador perto de todos nós está em marcha uma petição para tornar
oficial o idioma português nas Nações Unidas. Parte-se do facto de mais de
250 milhões de pessoas se expressam no idioma português, com importante
presença sócio-cultural e geopolítica em várias nações de todos os
continentes, sendo a quinta mais falada no mundo (em números absolutos), a
terceira entre as consideradas línguas universais de cultura e uma das
quatro faladas nos seis continentes.

Considerando que uma língua, além de meio de comunicação, expressa conteúdo
existencial, modos de sentir, de pensar e de viver de grupamentos humanos,
constituindo, através dos séculos, uma identidade cultural, com peculiar
criatividade, valores ético-sociais e sentimentos coletivos, refletidos no
idioma que são intraduzíveis e que necessitam continuar vivendo e revelando
culturas;

Considerando que a lusofonia vem se situando de forma crescente em várias
partes do mundo, pelos seus escritores, poetas, inventores, cientistas,
artistas, somando-se desde os navegadores e descobridores que fizeram sua
história, com significativa presença nos meios de comunicação de massa
através de telenovelas, noticiários, reportagens, etc, projetando-se na
literatura, música, esportes e artes em geral;

Considerando que nosso idioma, ao se tornar oficial no universo da ONU,
colocando-se em condições de igualdade com outros idiomas, é ato de respeito
e apoio às comunidades das nações de língua portuguesa, valorizando sua
unidade e participação sócio-económico-cultural no contexto internacional;

Considerando o trabalho da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa /
CPLP, que tem alcançado novos contornos nas relações internacionais,
minimizando conflitos ideológicos do passado e ressaltando suas
potencialidades nacionais e parcerias internacionais, com documentos de
Chefes de Estado e de Governo das oito nações, em projetos de cooperação que
estão dando corpo e alma aos fundamentos dessa nova Comunidade;

Considerando que a comunidade - CPLP - tem-se empenhado (embora pouco e mal)
em valorizar os seus três pilares - da política, da economia e da cultura,
que colocam em conexão, de maneira respeitável, a África, a América Latina e
a Europa, enfatizando o carácter universalista da lusofonia, que cada vez
mais se afirma em nível supra-nacional;

Considerando que a iniciativa de tornar oficial o idioma português na ONU
estará, por justiça e méritos, prestando um histórico serviço aos países de
língua portuguesa, que constituem uma comunidade presente e actuante em
todos os Continentes, com expressivo contingente populacional, incluindo:
Brasil, com 180 milhões de habitantes, uma das dez maiores economias do
mundo, líder natural do MERCOSUL; Portugal, com 10 milhões; Angola, com 11
milhões; Moçambique, com 17 milhões; Cabo Verde, com 417 mil habitantes;
Guiné Bissau, com 1 milhão; São Tomé e Príncipe, com 130 mil e Timor-Leste,
com 175 mil (estimativas recentes), que somam variados costumes, crenças,
raças, tendências políticas e que têm a lusofonia como forte laço de
identidade cultural e cooperação;

Onsiderando que o português também é falada noutros países: África do Sul -
300.000 ; Alemanha - 170.000 ; Argentina - 32.000 ; Austrália - 12.000 ;
Bélgica - 70.000 ; Canadá - 415.000 ; Espanha - 70.000 ; EUA - 2.280.000 ;
França - 808.000 ; Grécia - 2.500 ; Holanda - 11.000 ; Israel - 13.000 ;
Itália - 16.800 ; Japão - 170.000 ; Luxemburgo - 150.000 ; Paraguai -
325.000 ; Reino Unido - 100.000 ; Suécia - 7.000 ; Suiça - 157.000 ;
Uruguai - 15.000 ; Venezuela - 400.000 ; Zimbabwe - 2.000 ;

Importa que os ciadãos também se manifestem. O que poderá ser feito através
de:
http://www.petitiononline.com/AB5555/petition.html

Nossa bandeira é a cidadania para os povos lusófonos

Fonte: http://br.groups.yahoo.com/group/dialogos_lusofonos/



--
Eduardo Marçal
Sorocaba, SP - Brasil
===================


news://era.dnsalias.net /Lusofonia & Cultura

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Português quer ser língua oficial na ONU
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Em todo o mundo são mais de 250 milhões os cidadãos que se entendem falando
o mesmo idioma. Petição está já na rede global de comunicação

Num computador perto de todos nós está em marcha uma petição para tornar
oficial o idioma português nas Nações Unidas. Parte-se do facto de mais de
250 milhões de pessoas se expressam no idioma português, com importante
presença sócio-cultural e geopolítica em várias nações de todos os
continentes, sendo a quinta mais falada no mundo (em números absolutos), a
terceira entre as consideradas línguas universais de cultura e uma das
quatro faladas nos seis continentes.

Considerando que uma língua, além de meio de comunicação, expressa conteúdo
existencial, modos de sentir, de pensar e de viver de grupamentos humanos,
constituindo, através dos séculos, uma identidade cultural, com peculiar
criatividade, valores ético-sociais e sentimentos coletivos, refletidos no
idioma que são intraduzíveis e que necessitam continuar vivendo e revelando
culturas;

Considerando que a lusofonia vem se situando de forma crescente em várias
partes do mundo, pelos seus escritores, poetas, inventores, cientistas,
artistas, somando-se desde os navegadores e descobridores que fizeram sua
história, com significativa presença nos meios de comunicação de massa
através de telenovelas, noticiários, reportagens, etc, projetando-se na
literatura, música, esportes e artes em geral;

Considerando que nosso idioma, ao se tornar oficial no universo da ONU,
colocando-se em condições de igualdade com outros idiomas, é ato de respeito
e apoio às comunidades das nações de língua portuguesa, valorizando sua
unidade e participação sócio-económico-cultural no contexto internacional;

Considerando o trabalho da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa /
CPLP, que tem alcançado novos contornos nas relações internacionais,
minimizando conflitos ideológicos do passado e ressaltando suas
potencialidades nacionais e parcerias internacionais, com documentos de
Chefes de Estado e de Governo das oito nações, em projetos de cooperação que
estão dando corpo e alma aos fundamentos dessa nova Comunidade;

Considerando que a comunidade - CPLP - tem-se empenhado (embora pouco e mal)
em valorizar os seus três pilares - da política, da economia e da cultura,
que colocam em conexão, de maneira respeitável, a África, a América Latina e
a Europa, enfatizando o carácter universalista da lusofonia, que cada vez
mais se afirma em nível supra-nacional;

Considerando que a iniciativa de tornar oficial o idioma português na ONU
estará, por justiça e méritos, prestando um histórico serviço aos países de
língua portuguesa, que constituem uma comunidade presente e actuante em
todos os Continentes, com expressivo contingente populacional, incluindo:
Brasil, com 180 milhões de habitantes, uma das dez maiores economias do
mundo, líder natural do MERCOSUL; Portugal, com 10 milhões; Angola, com 11
milhões; Moçambique, com 17 milhões; Cabo Verde, com 417 mil habitantes;
Guiné Bissau, com 1 milhão; São Tomé e Príncipe, com 130 mil e Timor-Leste,
com 175 mil (estimativas recentes), que somam variados costumes, crenças,
raças, tendências políticas e que têm a lusofonia como forte laço de
identidade cultural e cooperação;

Onsiderando que o português também é falada noutros países: África do Sul -
300.000 ; Alemanha - 170.000 ; Argentina - 32.000 ; Austrália - 12.000 ;
Bélgica - 70.000 ; Canadá - 415.000 ; Espanha - 70.000 ; EUA - 2.280.000 ;
França - 808.000 ; Grécia - 2.500 ; Holanda - 11.000 ; Israel - 13.000 ;
Itália - 16.800 ; Japão - 170.000 ; Luxemburgo - 150.000 ; Paraguai -
325.000 ; Reino Unido - 100.000 ; Suécia - 7.000 ; Suiça - 157.000 ;
Uruguai - 15.000 ; Venezuela - 400.000 ; Zimbabwe - 2.000 ;

Importa que os ciadãos também se manifestem. O que poderá ser feito através
de:
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Friday, November 04, 2005

No futuro, todos seremos socialistas, afirma Boff


02/11/2005
No futuro, todos seremos socialistas, afirma Boff
Religioso brasileiro, teólogo da libertação, concede entrevista ao EP

M. Ormazabal
Em San Sebastián

O teólogo brasileiro Leonardo Boff, que em dezembro completará 67 anos, uma das vozes mais perseguidas pelo Vaticano, continua proclamando a necessidade de uma aproximação inter-religiosa entre o mundo cristão e o muçulmano, e a luta contra o sofrimento a que o atual sistema mundial submete os pobres.

O pai da teologia da libertação está fazendo conferências em Guipúzcoa e Navarra (Espanha) sobre ecologia e espiritualidade, a nova ética planetária e o mundo globalizado.

El País - Quais são suas grandes preocupações vitais?

Leonardo Boff - A humanidade tem dois problemas graves e iminentes. O primeiro é a crise social mundial, todo o processo de unificação dos mercados que favorece a alguns poucos. Há um oceano de sofrimento, de marginalização, de fome e de sede. Vivemos situações de barbárie diante de uma superabundância de meios de vida.

Há riscos de uma bifurcação da humanidade, por um lado os que podem, que criarão para si um mundo à parte, montarão um novo Muro de Berlim e poderão viver até 130 anos graças à biotecnologia; e de outro o resto, que vive o processo comum da vida. O problema é considerar desiguais os que são diferentes até afastá-los da família planetária. O outro grande problema é o alarme ecológico. A terra está doente e está chegando ao limite. São preocupantes a crescente escassez de água potável e o aquecimento do planeta. Pode criar-se um enorme desequilíbrio da paz social.

EP - O senhor teme uma guerra global?

Boff - Isso também, a guerra infinita de Bush. Não é preciso apenas ser a favor da paz; é preciso ser decididamente contra a guerra. A estratégia de Bush consiste em utilizar a violência e todo tipo de armas para resolver os problemas. É muito arriscado, porque só um país covarde pode fazer guerra contra o Iraque e o Afeganistão, mas não pode fazer contra o Paquistão, a Rússia ou a China, que têm armas de destruição em massa.

EP - Nesse contexto, qual deve ser o papel da Igreja?

Boff - É preciso fazer distinções na Igreja. O Vaticano é uma multinacional que participa da cultura do Ocidente e é cúmplice de sua política ambígua. Apesar disso, é importante que o papa João Paulo 2º tenha sido tão decidido contra a guerra e a favor dos direitos humanos. A tarefa fundamental da Igreja, mais que cuidar de sua sobrevivência, é alimentar a chama espiritual junto às demais religiões. Por outro lado, João Paulo 2º se afastou das demais religiões e tensionou as relações.

EP - O senhor considera Bento 16 capaz de reconduzir essa linha?

Boff - O papa fez bem ao reassumir o Concílio Vaticano 2º, que significa abrir a Igreja ao mundo, aceitar a existência de muitas igrejas locais e sobretudo a necessidade de reforçar o diálogo entre religiões, sob a perspectiva da paz. Ele, como teólogo inteligente, sabe que esses são os eixos básicos, mas será preciso esperar sua encíclica.

EP - Não se pode impor a paz, diz o senhor. Qual é o método para a solução de conflitos?

Boff - A disposição ao diálogo e às negociações para buscar acordos. É preciso saber renunciar, conceder e pensar que todos ganham. Até hoje o Ocidente sempre impôs os termos da ordem mundial, o que produziu muita decepção no mundo árabe e humilhação no Terceiro Mundo.

EP - Existe disposição a um acordo no mundo muçulmano?

Boff - As grandes religiões têm hoje uma grande doença: o fundamentalismo. Há grupos e documentos do Vaticano muito fundamentalistas. Os muçulmanos, a mesma coisa. Em ambos os casos a raiz da falta de entendimento não está na religião, mas na política.

EP - Em vez de a humanidade se bifurcar, mais parece que haverá um choque de civilizações.

Boff - O mundo árabe e o ocidental estão se enfrentando desde o século 8º e ainda precisam superar a satanização mútua. Muçulmanos e cristãos precisam de estratégias de mútua hospitalidade.

EP - Caberia falar em um terceiro bloco, encarnado pelo socialismo real que inspirou a teologia da libertação. Essa via fracassou por culpa de alguns dirigentes?

Boff - O socialismo é um movimento de grande generosidade porque seu propósito básico é resgatar os pobres e oprimidos do mundo. É um dos sonhos mais antigos do mundo e continua sendo uma utopia, mas o problema é que se empregaram meios totalitários para tornar esse sonho realidade.

O socialismo teórico consiste na radicalização da democracia, e esse sonho não deve morrer. A democracia como valor universal, como forma de governo, de participação, controle e distribuição do poder. Eu vejo futuro no socialismo.

Digo mais, dentro de não muitos anos todos seremos socialistas por instinto de sobrevivência, não por ideologia. Os recursos da terra serão tão escassos que ou os administramos de forma eqüitativa ou não haverá para ninguém. O capitalismo está chegando a seu limite. Outro mundo é possível se os seres humanos o quiserem.

Manifestação contra Bush causa confusão no centro de Montevidéu

04/11/2005 - 21h45

Manifestação contra Bush causa confusão no centro de Montevidéu



da Efe

Uma manifestação contra a 4 ª Cúpula das Américas e a presença do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, na América Latina resultou em uma série de distúrbios e na detenção de 15 manifestantes no centro financeiro de Montevidéu (Uruguai).

O ministro do Interior, José Díaz, afirmou em entrevista coletiva que os distúrbios foram iniciados por cerca de 30 pessoas que andavam atrás das que faziam um protesto de forma pacífica contra George W. Bush.

A mobilização foi iniciada por setores radicais da esquerda política Frente Ampla, que integra o governo do Uruguai. O grupo é contra a posição do presidente do país, Tabaré Vázquez, e sua presença na Cúpula.

Os manifestantes expressaram também sua divergência com a assinatura do Tratado de Investimentos com os Estados Unidos, que o Uruguai ratificará durante a Cúpula de Mar del Plata.

Prisões

Díaz informou ainda que 15 pessoas foram detidas durante o confronto de um grupo com integrantes da Polícia Turística, que opera na parte antiga da cidade. Posteriormente, foi enviada ao local uma unidade antidistúrbios, para evitar danos a lojas e edifícios bancários.

"Não serão toleradas de modo algum as ações dos que atentam com a convivência democrática", disse o ministro, confirmando que os detidos foram colocados à disposição da Justiça.

O titular de Interior informou que três policiais, entre eles uma mulher, ficaram feridos nos confrontos.

Díaz explicou que o grupo de manifestantes violentos pintou lemas anarquistas nas paredes e quebrou vidros de vários edifícios públicos a pedradas.

Anticúpula repudia a Alca


Fonte: JB on line 04.11.2005

Anticúpula repudia a Alca

MAR DEL PLATA - A 3ª Cúpula dos Povos foi encerrada ontem à noite com uma
forte condenação à Alca e à militarização do continente. Para hoje estão
previstas uma gigantesca marcha e um comício contra o presidente dos EUA,
George Bush, que devem reunir pelo menos 40 mil pessoas.

- Não é questão de reviver a Alca, é de enterrá-la definitivamente - disse o
canadense Ricardo Arnold, um dos coordenadores, referindo-se às tentativas
americanas de retomar o tema na Cúpula das Américas. Hoje, o documento final
da Cúpula dos Povos será apresentado no Estádio de Mar del Plata, com as
conclusões de 160 fóruns e a participação de 7.000 delegados de 34 países.
Depois da chegada do trem anti-Bush, os manifestantes marcharão novamente
para o estádio, onde haverá um discurso do presidente Hugo Chávez e uma
apresentação do cantor cubano Silvio Rodríguez.

Ricardo Arnold lamentou que ''alguns países, como Canadá, Chile e México,
estejam desempenhando papel em defesa dos EUA (na cúpula oficial) para pôr a
Alca novamente na agenda''. Centenas de ativistas chegaram ontem para
acompanhar as atividades da cúpula paralela, em meio ao coro: ''Bush
fascista, você é terrorista''.

Outros temas fortes no documento final da anticúpula são a dívida externa, a
pobreza e a militarização no continente.

''São os povos do continente os credores, porque a dívida já foi paga várias
vezes'', dirá a declaração final. O painel contra a militarização, de grande
apelo, denunciou que os Estados Unidos ''estão semeando bases militares'' em
distintos países latinos.

- O avanço, com diferentes regiões da América semeadas de bases militares, é
incontestável. Ocorre na Argentina, Paraguai, Colômbia, Panamá e Bolívia -
diz Rina Bertaccini, do Movimento pela Paz, a Solidariedade e a Soberania
entre os Povos. Os participantes denunciaram ainda a globalização como ''uma
forma perversa de colonização''.

Tuesday, November 01, 2005

O ilusionismo

Miriam Leitão no Globo (29/10/05)

O ilusionismo

A verdade é sempre a primeira vítima do marketing eleitoral. Exemplo
disso foi o programa do PT. Prometeu explicar a crise e culpou os
outros. Exibiu números discutíveis; uma coleção de meias verdades. "Do
que acusam o PT?", perguntou o locutor. A pergunta pode ser dirigida
ao presidente Lula, que mandou o partido pedir desculpas e se disse
traído. Outro erro: o presidente da Petrobras como garoto-propaganda.
Em vez de explicar a crise, o programa admitiu apenas que: "membros de
nosso partido cometeram erros". Sinceridade não é um ingrediente das
campanhas políticas no Brasil. É visto como ingenuidade, mas talvez
seja isso que o eleitor esteja querendo agora. Não há como encobrir os
absurdos descobertos, a distribuição de dinheiro a políticos da base,
os indícios de que o caixa dois financiou até a campanha presidencial.
É difícil mesmo tratar de tudo isso numa propaganda política, mas o
que não se deve fazer é subestimar a inteligência do eleitor. Foi o
caminho escolhido pelo PT.
Nos números, uma coleção de não ditos. Disseram que a inflação era de
12% e caiu no governo do PT para 7,5% e 5,2%. Na verdade, a inflação
está voltando agora aos níveis de 2000. Subiu em 2002 pelo medo de
Lula. Medo construído pelo passado em que Lula e o PT foram contra o
Plano Real e apresentavam idéias exóticas ou falta de entendimento
sobre a importância da estabilização.
O último ano do governo Itamar, em 94, teve inflação de 916%, e o
primeiro de Fernando Henrique foi de 22%. Se FH usasse essa comparação
seria um absurdo. Esses números não contam o que se passou. O Plano
Real, feito sob o comando de Fernando Henrique no governo Itamar
Franco, venceu a hiperinflação no segundo semestre de 94. No último
ano do primeiro mandato, em 98, a taxa foi de 1,66%. No primeiro ano
do novo mandato, em 99, pulou para 8,9%. O resultado de 99 foi uma
vitória maior do que o de 98, porque foi conseguido apesar do estouro
da banda cambial. Por várias vezes, falou-se no programa sobre "a
crise deixada pelo governo passado". Sinceramente, o governo sabe que
recebeu uma boa herança na área macroeconômica, tanto que manteve a
política.
Disse que o país exportava US$ 60 bilhões e agora, US$ 112 bilhões. É
verdade, mas não é governo que exporta. O setor exportador brasileiro
é o grande merecedor do crédito. Certas mudanças macroeconômicas
ajudaram, mas foram feitas por sucessivas administrações. Não dá para
explicar a mudança na competitividade brasileira sem passar pela
abertura, que o PT condenou; o Plano Real, no qual o PT votou contra;
a privatização, que até nesse programa o partido acusou de ter sido
"selvagem". Erros foram cometidos no processo de venda das estatais; a
energia é exemplo eloqüente. Mas a venda em si acabou com absurdos
como o Estado fabricar aço, atuar em mineração, fazer aviões, vender
telefone, ser dono de hotéis e ter três dezenas de bancos. Não foi
"selvagem", tanto que ainda existem cinco bancos estatais que
controlam 40% da intermediação financeira; o Estado ainda tem 70% da
geração de energia, quase todo o setor de petróleo e o monopólio do
resseguro. A privatização aumentou a eficiência na economia
brasileira.
No item desemprego, a confusão da comunicação do governo é ainda
maior. Disse que o governo passado criou 700 mil empregos e o atual,
3,6 milhões. Nem especialistas em trabalho entendem esses números. Um
exemplo de má-fé que poderia ser usado contra o governo Lula: a taxa
oficial de desemprego no último ano do governo passado oscilou entre
6% e 7%. No governo Lula chegou a 13% e está em 9,6%. Isso parece
mostrar que no governo Lula aumentou o desemprego. Não aumentou. A
metodologia de cálculo é que mudou. Quem quer participar do debate com
honestidade tem de ter respeito aos números.
Lula tem usado os dados do Caged do Ministério do Trabalho, e não a
pesquisa do IBGE da PME. Os dois estão mostrando muita discrepância. O
fato é que o desemprego não está caindo, na época do ano em que sempre
cai. Está estagnado há quatro meses e subiu um pouco em setembro. A
verdade é a seguinte: na década de 90 houve queda do emprego no mundo
inteiro, por causa de novas tecnologias, mais competição, novas formas
de produção. Emprego é um desafio de qualquer governo no mundo
inteiro. Simplificar o tema, como se fosse uma partida de futebol, não
ajuda o país.
No programa, o PT se vangloriou de ter aumentado o gasto com Saúde.
Fez isso por obrigação legal: os gastos com Saúde têm de aumentar
anualmente por uma fórmula preestabelecida. Elogiou-se na educação,
quando o grande salto do "toda criança na escola" foi dado no período
FH. Teve a coragem de dizer que a segurança melhorou, item em que os
dois governos erraram. Apresentou a Bolsa Escola como se tivesse sido
inventada apenas pelo PT e a campanha das diretas como se tivesse sido
petista. Num momento de puro delírio, o programa sustenta que garantiu
R$ 55 bilhões para o Fundeb até o ano 2019.
No pior momento do programa, pôs o presidente da Petrobras, José
Sérgio Gabrielli, fazendo propaganda de programas do governo. Um
comportamento inadequado para uma empresa de capital aberto, que tem
ações até em bolsas estrangeiras, cujo controle é do Estado e não do
PT. Mais um flagrante da confusão entre governo e partido, que tanto
problema tem causado. A campanha de 2006 já começou. Começou muito
mal.