Friday, October 07, 2005

PARA QUE SERVE O REFERENDO?

PARA QUE SERVE O REFERENDO?
Alexandre Garcia

Começou no rádio e na tevê a propaganda para o
referendo e ninguém está entendendo coisa alguma.
Quem quer arma, vota não; quem não quer, vota sim. A
questão é mal feita e o referendo todo vai servir para
nada, a não ser gastar 600 milhões de reais dos nossos
impostos. Porque seja qual for o resultado, nada vai
mudar: o crime vai continuar aumentando se não forem
adotadas as medidas necessárias, que agora ficam sob a
cortina de fumaça do referendo. O estado – aí a
Câmara e o Senado que inventaram a baboseira – vai
ficar, por um tempo, com sua incompetência para
combater o crime camuflada por uma falsa questão,
expressa pela resposta à pergunta errada, confusa e
mal feita que vai ser apresentada aos eleitores no dia
23.





A começar que não é uma pergunta – é uma frase
afirmativa encerrada por um ponto de interrogação. Um
enunciado que induz a resposta. A falsa pergunta
afirma: “O comércio de armas de fogo e munição deve
ser proibido no Brasil” – e depois vem um ponto de
interrogação. Ora, se quisessem construir uma frase
interrogativa, teriam que começar perguntando: “Deve
o comércio de armas de fogo e munição ser proibido no
Brasil?” Obviamente que o comércio a ser proibido é
aquele que não está proibido. Assim, não se trata das
armas compradas pelos bandidos, num comércio que o
estado não tem competência para impedir. Bandidos não
compram armas do comércio legal, pois teriam que se
identificar, apresentar atestado de bons antecedentes
e provar residência. Esse referendo de 600 milhões de
reais serve apenas para decidir se você pode ou não
comprar uma arma na legalidade, se um dia julgar que
deve proteger seu lar, uma vez que a polícia não o
faz.
Fará isso alguma diferença? Se ganhar o sim, a
loja apenas não vai vender arma. Mas você poderá
ficar com a arma registrada que já tem em casa. Os
bandidos continuarão comprando armas do Paraguai ou
dos navios que chegam à Baía da Guanabara; ou
continuarão roubando de quartéis. E ficarão mais à
vontade, tanto que são a favor do sim. Se ganhar o
não, nada vai mudar. Continua como está, com a lei do
desarmamento aplicando regras rígidas nas pessoas
legalizadas e o estado sem tirar os bandidos e suas
armas de circulação. No entanto, por causa desse
referendo, 122 milhões de brasileiros terão de sair de
casa para votar e mais de um milhão de mesários vão
perder o domingo para nada.

No ano passado em Winterthur, Suíça, um amigo meu,
cidadão suíço e portanto reservista, me mostrou o
uniforme de tanquista e o moderníssimo fuzil guardados
em casa. A pequena Suíça, com armas de guerra em
casa, é um dos países mais seguros do mundo.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home