Friday, September 16, 2005

por Editoria Diário do Comércio em 14 de setembro de2005A liberdade econômica tem sido há mais de um século acausa pela qual se bate a Associação Comercial de SãoPaulo. Hoje mais do que nunca essa causa tem de serdefendida contra os apóstolos do Estado onipotente, oscomedores de impostos, os proxenetas da miséria geradapor eles próprios. Nesse combate, muito se têmempenhado os empresários brasileiros, com o auxílio devigorosos jornalistas e brilhantes estudiososuniversitários.No entanto, algumas ilusões debilitam essa tropavalorosa. A principal delas, a mais mortífera, é a deque a liberdade econômica pode ser defendida sozinha,isolada das condições políticas, culturais e moraisque a geraram e que tornam possível a suasubsistência.A ênfase unilateral nos argumentos econômicos, obtendotriunfos demasiado fáceis sobre as pretensõesdecrépitas do socialismo, leva a confundir o merosucesso acadêmico com a vitória na vida real. Adesmoralização do socialismo enquanto teoria não oimpede de continuar crescendo como militância e deampliar indefinidamente seu poder organizado,justamente porque a exaustão mesma da sua substânciaintelectual facilita a sua condensação em fórmulasverbais de grande impacto emocional, contra as quais aargumentação racional pouco vale.Por outro lado, a insistência no enfoque econômicoisolado reflete o enfraquecimento cultural do discursocapitalista, que abandona a riqueza dos valoreséticos, religiosos, intelectuais e políticos que lhesão inerentes e cede ante a exigência marxista defazer do fator econômico a origem e o fundamentoexplicativo da História humana.De que adianta à argumentação pró-capitalista sairvencedora na prova deste ou daquele ponto emparticular, se essa prova traz de contrabando aanuência implícita e às vezes inconsciente à premissageral do adversário, que deveria ter sido refutada emprimeiro lugar?Numa irônica inversão de papéis, a concentraçãoexclusiva na superioridade econômica do capitalismo dáainda a um adversário tradicionalmente materialista eateu o privilégio de posar como porta-voz único eexclusivo das preocupações nobres, enquanto o advogadoda democracia capitalista, portadora dos valoresespirituais mais altos da humanidade, passa por ser umfilisteu que só pensa em dinheiro.Por fim, a obsessão economicista envolve um riscopolítico-estratégico que beira o suicídio. Conscientesde que a revolução que preconizam não avançauniformemente em todos os campos, mas procede poravanços e recuos, fintas e rodeios, os adeptos dosocialismo e do estatismo anestesiam a classeempresarial com concessões que a satisfaçammomentaneamente na esfera econômico-financeira, aomesmo tempo que a militância esquerdista organizadaavança na ocupação voraz de todos os espaços públicosnão diretamente colocados sob a atenção empresarial.Tranqüilizada pela aparente conversão da esquerda àsvantagens do capitalismo, a classe empresarial se vêde repente cercada, acossada pela opressãoesquerdista, sem saber explicar como pôde cair numaarmadilha que até poucos minutos antes lhe pareciaapenas o fantasma evanescente de um passado extinto.O economicismo é a doença infantil da ideologiacapitalista. A luta pela economia de mercado tem deser empreendida em todos os fronts – político, moral,cultural, educacional, religioso – ou contentar-se comuma vitória parcial que é a camuflagem provisória daderrota total.Publicado pelo Diário do Comércio em 12/09/2005.

Fabiano Oliveira
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