Tuesday, September 27, 2005

Mecanismos da Desigualdade.

São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 2005-Folha
Dinheiro

Brasil não só está entre os 4 países mais desiguais em
estudo do Banco
Mundial como tem mecanismos para perpetuar situação
Bird vê "armadilha
da desigualdade" no país

FERNANDO CANZIAN-ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

Mais uma vez, o Brasil recebeu destaque negativo em
estudo do Bird (Banco
Mundial). O país foi apresentado ontem como um dos
mais desiguais do
mundo e
envolto no que a instituição chamou de "inequality
trap" (armadilha da
desigualdade).
Campeão da desigualdade social na América Latina, o
Brasil só está
melhor hoje
do que quatro países africanos (Suazilândia, República
Centro-africana, Botswana
e Namíbia), segundo o Bird.
Pior: o Brasil reúne quase todos os ingredientes
possíveis citados
pelo estudo
"Eqüidade e Desenvolvimento" para continuar
perpetuando essa situação.
No trabalho, o país ganhou destaque em texto sob o
título "Oportunidades
desiguais persistem por gerações no Brasil".
Nele, o Bird observa que não somente a renda dos mais
pobres é um
problema,
ao lado da falta de bons serviços como saúde e
educação, mas que não há no
Brasil condições e mecanismos de interação entre ricos
e pobres.
O Banco Mundial vê avanços nos últimos 12 anos,
principalmente após a
implantação do programa Bolsa-Família no governo FHC e
sua ampliação no
governo Lula, mas constata que eles são absolutamente
insuficientes
para mudar
o quadro.
No trabalho, o Bird considera "eqüidade" como chances
iguais a todos,
independentemente de cor, raça ou nível social.
Elite e poder
Já a "armadilha da desigualdade", segundo o Bird,
dá-se quando a elite
econômica e política se perpetua no poder, criando
mecanismos
financeiros e
legislativos para manter o comando e obter vantagens.
Um exemplo clássico no caso brasileiro seria quando o
Poder Legislativo ou
Judiciário aumenta os próprios salários ou se recusa a
cortar ganhos
previdenciários incompatíveis com os do resto da
sociedade.
O Bird cita outros exemplos, desde casamentos
constantes entre os
filhos de uma
mesma elite política e empresarial à falta de
financiamentos em
condições iguais
para ricos e pobres.
As desigualdades nos empréstimos revelam mais um
problema no Brasil,
segundo
o Bird: a falta de um capitalismo mais avançado. "Se
uma pessoa pobre
tiver uma
grande idéia, jamais conseguirá um financiamento
bancário nas mesmas
condições que alguém rico", diz o estudo.
Na apresentação do trabalho, o economista-chefe do
Bird, François
Bourguignon,
disse que são dois os "pilares" do Bird para o
desenvolvimento: clima
favorável
para investimentos nos países e concessão de poderes
econômicos e
sociais para
os mais pobres.
"Quanto melhores forem o clima para negócios e a
eqüidade social,
maior será o
potencial do crescimento e da distribuição de renda",
diz Bourguignon.
Além de falhar na questão da eqüidade, o Brasil também
foi colocado,
na semana
passada, na 119ª posição entre 155 países em um novo
ranking do Bird que
avaliou o clima para negócios em várias regiões do
mundo.
O economista brasileiro Francisco Ferreira, um dos
principais autores
do estudo
apresentado ontem, comparou a um "Estado de bem-estar
social truncado"
a atual
situação brasileira.
"O Estado é muito bom em taxar as pessoas e distribuir
o dinheiro
somente entre
os mais ricos. O que temos falhado em fazer é gastar
mais em áreas onde as
pessoas mais pobres mais precisam", afirmou.
Ferreira cita como exemplo clássico a educação: filhos
de famílias
ricas que
estudam em bons colégios particulares acabam entrando
nas universidades
públicas. "Subsidiamos na universidade pessoas ricas
que freqüentaram boas
escolas privadas em vez de subsidiar mais pessoas
pobres em escolas
públicas",diz.
O economista afirma que, comparado à Coréia do Sul (um
exemplo de país que
massificou a educação pública de boa qualidade), o
Brasil gasta de
três a quatro
vezes mais com pessoas adultas em universidades
públicas.
Segundo o Bird, além de todas as dificuldades citadas
para romper a
"armadilha
da desigualdade", o Brasil tem um problema adicional,
que é uma das cargas
tributárias mais altas do mundo.
Hoje, ela supera 36% do PIB (Produto Interno Bruto),
contra 12% no
México, por
exemplo -país que ainda teria espaço para aumentar
impostos para
subsidiar os
mais pobres.
O estudo do Bird foi lançado na véspera do início da
reunião conjunta
entre o
banco e o FMI (Fundo Monetário Internacional).
O FMI deve anunciar hoje uma queda nas projeções de
crescimento para as
principais economias européias, um crescimento de 3,5%
para os EUA
neste ano
e melhora no Japão. Também serão conhecidas as
projeções para o Brasil e a
América Latina.
O Fundo deve ressaltar também que os altos preços do
petróleo e
investimentos
insuficientes tanto na produção quanto no refino do
produto continuarão a
constituir uma ameaça à economia global.



Fabiano Oliveira

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